Setor energético é crucial nas relações entre Brasil e Arábia Saudita

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizou uma viagem ao Médio Oriente no final de novembro e o seu primeiro destino foi a Arábia Saudita. Na agenda desta visita, esteve em destaque a relação entre Brasil e Arábia Saudita no domínio energético. Isso mesmo foi referido por Luís Augusto Medeiros Rutledge, investigador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na área de petróleo e gás e analista de geopolítica e energia, citado num artigo da publicação digital Sputnik Brasil.

Concordando que o setor energético é altamente promissor para as relações comerciais entre os dois países, Luís Rutledge, também membro do Conselho Consultivo do Observatório do Mundo Islâmico, disse à Sputnik Brasil que a Arábia Saudita tem feito um forte investimento para reduzir a dependência económica do país nas exportações de petróleo, devido à urgência mundial de garantir uma transição energética para o baixo carbono.

Nesse sentido, salientou Rutledge, a petrolífera estatal saudita, Aramco, já realizou investimentos no Brasil na área mineira e pretende fazer investimentos também em projetos de produção de hidrogénio (H2) verde um pouco por todo o mundo, apostando numa solução energética que não emite dióxido de carbono (CO2).

“Os árabes pretendem investir em projetos de fontes renováveis, principalmente em acordos que envolvem H2. A Arábia Saudita também tem interesse no lítio brasileiro, commodity essencial para a transição energética, e está investindo pesado no setor de veículos elétricos e pretende produzir 500 mil veículos elétricos por ano”, disse Luís Rutledge, citado pela Sputnik Brasil.

Do lado do Brasil, diz o especialista neste artigo, é necessário acelerar as aprovações legais na área da energia eólica offshore para, assim, atrair investimentos e desenvolvimento nesta tecnologia.

Rutledge destaca ainda o peso do setor energético nas relações entre os dois países com a entrada da Arábia Saudita nos BRICS — grupo de países composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo o investigador, 42% da produção mundial de petróleo estará nas mãos dos BRICS, já que estes passam a incluir os principais importadores e alguns dos principais produtores deste combustível. “Essa formatação criará uma dinâmica impensável no mercado das principais commodities globais.”