Desde setembro de 2021, o Egipto tem avançado com o projeto de restauração de uma das cidades islâmicas mais antigas do mundo: Al-Qahirah, ou, Cairo. Fundada no século X pelo Califado Fatímida, a capital egípcia atingiu a sua idade de ouro no século XIV, constituindo-se como uma das cidades culturais mais importantes do Mundo Islâmico.
A história de Cairo remonta para a expansão do Islão após a morte do profeta Maomé, em 632. Quando sucedeu ao primeiro califa Abu Bakr, Omar iniciou a propagação da religião para outros territórios além da Arábia. Isabelle Somma, pesquisadora e diretora do Instituto da Cultura Árabe (ICA), do Brasil, revelou que o Egito foi alcançado em 641 por conquistadores muçulmanos que fundaram Fustat. Logo, a cidade se tornou no centro do Islão. Três séculos mais tarde, em 969, os governantes fatímidas construíram Al-Qahira, uma nova cidade a norte de Fustat, que manteve as suas funções governativas, para servir de capital do Egito.
Em 1168, Fustat foi intencionalmente incendiada para evitar a destruição de Al-Qahira por parte dos cruzados e, nesse seguimento, a capital egípcia foi transferida para Cairo, cuja população e economia cresciam continuamente. Em meados do século XIV, a cidade contava com cerca de meio milhão de habitantes e já era muito rica e reconhecida pelas suas mesquitas, madraças, hamames e fontes, aspetos que permitiram torná-la no centro do mundo Islâmico durante a sua idade de ouro. Isabelle Somma sublinhou que a cidade teve diversas ocupações e governos, o que contribuiu para a diversidade atual de tipos e estilos de edifícios e ocupações.
A partir do século XV, o Egito começou a perder importância cultural e económica e a sua cultura e sociedade estagnaram. Todavia, foi com a fundação da República Egípcia, em 1952, que se verificou o maior crescimento populacional de Cairo, agora transformado num polo industrial. Estima-se que, hoje em dia, Cairo tenha cerca de 25 milhões de habitantes.
Atualmente, e apesar das transformações, a pesquisadora e diretora do ICA referiu que a cidade mantém a sua importância cultural para o Médio Oriente porque “concentra a história da passagem de diversas dinastias; e possui a Universidade de Al Azhar, uma das mais antigas do mundo, além de alguns dos museus, mesquitas, sinagogas e igrejas mais importantes da humanidade”. Acrescentou que Cairo tem uma riqueza imaterial que se manifesta na literatura, cinema, imprensa e programas de televisão contemporâneos e que tem uma base cultural “fulcral do mundo árabe” ativa nos cafés, livrarias, mesquitas e universidades.
A capital egípcia é Património Mundial da UNESCO desde 1979 e é conhecida por “a cidade dos mil minaretes” pela sua arquitetura islâmica única, que reúne exemplos das épocas dos omíadas, tulunidas, fatímidas, aiúbidas, mamelucos e otomanos.