O termo anglo-saxónico Foreign Fighters, que numa tradução e adaptação para a língua portuguesa significa Combatentes Estrangeiros, de facto, de um perigoso eufemismo. Na verdade, e de modo bem objectivo, rotula, inadequadamente, todos aqueles, homens e mulheres, que se juntaram a uma das principais e mais sinistras organizações terroristas mundiais – o DAESH[1] -, com o iniludível propósito de, sob a sua bandeira e inspiração, contribuírem para uma das maiores ameaças à segurança mundial. Apesar de não ser novo, o debate à volta do seu regresso aos países de origem, na sequência da intervenção militar da coligação internacional que pôs termo à ocupação terrorista nos territórios sírio e iraquiano, ganhou um novo impulso numa acesa controvérsia que coloca frente-a-frente os alegados defensores dos Direitos Humanos, e aqueles que vêm alertando para a ameaça que tal processo representa para as sociedades de origem. Tal circunstância revela a inexistência de consensualidade sobre a resposta a dar para uma efectiva solução do complexo problema, entretanto agravado pela actual situação sanitária.
Artigo de opinião do Doutor João Henriques, publicado no jornal i, a 4 de Março de 2021