Até hoje, negociações envolvendo Israel e Palestina fracassaram. A última constatação surgiu na forma mais cruel, um ataque em 7 de outubro passado, onde o grupo extremista islâmico Hamas bombardeou Israel, deixando claro que não há nenhuma perspectiva de paz para a região da Faixa de Gaza.
Num primeiro momento, a onda de violência nos leva a reflexão sobre a questão que persiste há mais de 70 anos, a criação do Estado da Palestina. Notadamente, grande parte da comunidade internacional identifica na existência de dois Estados, um israelense e outro palestino, a solução para o fim dos enfrentamentos. A continuidade um único Estado é completamente inviável. No passado houve esta possibilidade.
Apesar da Palestina ser reconhecida por uma série de países, na prática não existe o Estado Nacional Palestino. A solução seriam os dois estados vivendo lado a lado.
Questões de Jerusalém, fronteiras e refugiados deveriam ser definidas em negociações imediatas. Algumas ações políticas fracassaram, por exemplo, a política de assentamentos israelenses. Estes assentamentos são falsas cidades que Israel constrói e controla na Cisjordânia, um território reconhecido pela ONU como um território palestino. Entretanto, o povo palestino ali vive sem direitos plenos de cidadania.
Os atos perpetrados pelo Hamas, condenados pelas organizações internacionais, foi anunciado como o inicio de uma operação para a retomada do território perdido. O sanguinário evento ficará marcado, assim como outros, sendo mais um retrato histórico onde as relações internacionais foram superadas pela força das armas.
No momento em que os dois lados do conflito não enxergam além da mira dos tanques de guerra, devemos refletir sobre dois pontos: erros recentes organismos internacionais ao não perceberem o que estava por vir e quais países poderiam mediar um acordo entre Hamas e Israel.
Em primeiro momento, o Egito por ser o primeiro país árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel em 1980. O governo do Egito tem a capacidade de se relacionar com Israel e Hamas na mesma proporção. Apesar do histórico de relações internacionais estremecidas com Israel, hoje dentro da comunidade árabe, os egípcios possuem a habilidade de mediar um cessar-fogo ao médio prazo.
Em 2021, Hamas aceitou trégua proposta por Egito. Usando de diplomacia, o governo egípcio convenceu um lado, o Hamas, a suspender os confrontos com as forças israelenses na Cisjordânia. Todas as tentativas são válidas para romper o genocídio de foguetes que cruzam o céu de Gaza.
Outra importante questão, nos faz pensar nos limites das teorias tradicionais de Relações Internacionais em subestimarem os atores não-estatais no Oriente Médio.
O grupo terrorista Hamas é uma ditadura ultra radical religiosa na Faixa de Gaza. Possui o apoio de parte dos palestinos e muito menos da maioria. Não são representantes da justa causa palestina de ter um Estado soberano vivendo em paz e segurança ao lado de Israel. Além disso, o representante oficial dos palestinos é a Autoridade Palestina, formada por grupos inimigos do Hamas.
No atual cenário global, fielmente representados na região do Sahel africano ou em qualquer parte do Oriente Médio, os órgãos internacionais e as diplomacias de Estado devêm desenvolver ferramentas de diálogo e mediação com grupos extremistas, que legitimamente ou não representam um fundamentalismo religioso. Estes grupos não dialogam com a Organização das Nações Unidas e negociações são conduzidas por países árabes com relações nem sempre transparente com o movimento extremista.
No momento, a política internacional deve estar atenta aos avanços bélicos de ambas as partes e de possíveis participações de outros grupos terroristas simpáticos a causa do Hamas. Uma causa muito distante do pensamento palestino.
Luis Augusto Medeiros Rutledge
Analista Geopolítica