De visita a Portugal no âmbito do 10.º Fórum da Aliança das Civilizações, das Nações Unidas, realizado em Cascais, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Islâmica do Irão, Seyed Abbas Araghchi, falou aos media nacionais realçando a importância de fomentar o diálogo entre as civilizações. Uma posição que o Irão tem defendido desde 2001, e que foi novamente realçada pelo ministro no conjunto de encontros recentes com os seus contrapartes, nomeadamente, da Europa.
Em relação ao conflito no Médio Oriente, o ministro Seyed Abbas Araghchi referiu que, ao contrário de Israel, o Irão não quer uma escalada do conflito na região. No entanto, reafirmou que o seu país reserva-se o direito de responder ao ataque de Israel “no tempo e da forma adequada”. “Ninguém quer uma escalada do conflito, a não ser Israel”, afirmou.
Em relação à nova administração americana, chefiada por Donald Trump, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, não antecipa cenários: “Não julgamos. Vamos esperar para ver como se ajustam as posições”, disse, expressando o desejo de que a diplomacia prevaleça em relação ao conflito.
Garante que o Irão vai continuar os esforços para unir as vozes contra a situação que se vive atualmente na região de Gaza, defendo o direito à autodeterminação do povo palestiniano. Da mesma forma, Seyed Abbas Araghchi reafirmou que o Irão vai continuar a apoiar os movimentos de resistência que lutam por causas justas em locais como a Palestina, o Líbano, o Iémen ou o Iraque. Recusa-se, assim, a considerar estes movimentos como proxys do Irão mas sim como grupos independentes, “amigos”, que decidem por si próprios.
No que diz respeito à Rússia, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Islâmica do Irão reitera que a cooperação militar entre os dois países é para continuar dando seguimento a um apoio que já vem de longa data.
Lançada há 20 anos, a Aliança das Civilizações foi criada com o intuito de aproximar culturas e religiões numa época dominada pela chamada guerra ao terrorismo, que se seguiu aos ataques do 11 de setembro e à invasão do Iraque. Promovida pelo então presidente da ONU, Kofi Anan, a aliança das Civilizações teve como primeiro presidente o ex-Presidente da República português, Jorge Sampaio. Hoje presidido pelo espanhol Miguel Ángel Moratino, o organismo ganhou nova relevância perante o clima de guerra em vários pontos do globo, nomeadamente na Europa e no Médio Oriente.